quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Entrevista João Marçal

O que anda a fazer… João Marçal

João Marçal partiu de Coruche rumo ao Porto para seguir o curso de Artes Plásticas-Pintura na Faculdade de Belas Artes. Poucas vezes o vemos por terras ribatejanas. A arte agarrou-o à cidade invicta, onde tem dado mostras de toda a inspiração e originalidade. No currículo conta já com nove exposições individuais e dezasseis colectivas e a arte já o levou mesmo a pisar terrenos internacionais como Itália e Inglaterra. Na música começa também a dar cartas. O próximo objectivo é fundir os sons electrónicos com a arte plástica.
João Marçal: um nome a marcar no guia cultural.

Perfil


Nome: João Marçal
Idade: 27 anos
Profissão: Artista-plástico
Formação: Licenciatura em Artes Plásticas-Pintura Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto; Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto


Blogue: http://joao-marcal.blogspot.com/
Myspace: http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=147511258

O que andas a fazer neste momento?
Neste momento estou a viver no centro do Porto, onde tenho também o meu espaço de trabalho, um atelier num prédio antigo da cidade. Tenho algumas exposições agendadas para as quais já me encontro a trabalhar, especialmente para a individual que vou apresentar na galeria MCO.

Como descreverias a tua arte?
Penso que a ironia é uma característica comum a todos os meus trabalhos, nalguns casos mais que noutros, claro. Formalmente, e em traços muito gerais, o meu trabalho situa-se entre a pintura, a escultura e a instalação. Outra das características vitais do meu trabalho, é reforçar sempre o facto de toda a obra de arte ter múltiplas leituras: umas mais acessíveis, outras mais densas; umas mais sérias, outras mais irónicas. O importante é sempre a integridade da peça final.

Em que é que te inspiras?
A inspiração não me parece ser o tipo de coisa que se controla, por isso é que dá sempre jeito andar com um caderno e uma caneta, até na mesinha de cabeceira. Podemos andar meses ou anos a vasculhar questões e aprofundar territórios específicos, mas nunca se sabe quando chega aquela sinapse, o momento em que a coisa se resolve. Pessoalmente, acho que tenho sempre muitas ideias quando viajo sozinho de comboio; mas nem sempre se aproveitam. Também acho impossível particularizar aquilo em que me inspiro, é óbvio que todas as experiências contam e contribuem para o meu trabalho. Por exemplo, se não tivesse crescido em Coruche, ou mesmo se não bebesse imperial na Tasca, o meu trabalho seria diferente, certamente.

Tens algum artista plástico que admires especialmente?
É muito difícil escolher apenas um, mas penso que o Blinky Palermo está à altura da decisão. A obra dele aborda a abstracção e o formalismo de uma forma única, isso interessa-me particularmente. É claro que podia enumerar mais cinquenta, sempre por razões diferentes.

Participaste numa exposição colectiva em Bristol, no Reino Unido. Como surgiu o convite?
As oportunidades, penso que em todas as áreas, surgem sempre por um acumular constante de situações de controlo e acaso, esse caso de Bristol não é excepção. O André Sousa, que é um artista do Porto meu amigo, foi fazer uma residência na Spike Island em Bristol e levou (entre outros) o meu portfolio. O Milo Brennan, que é um artista de Bristol, viu o meu trabalho, do qual gostou, e passado algum tempo propôs-me para participar numa exposição colectiva na Spike Island; e assim foi!

A música é um hobbie ou pretende ser um complemento do teu trabalho artístico? Cheguei à música e às artes plásticas por caminhos muito diferentes; no primeiro caso foi quase na brincadeira a experimentar programas de computador, enquanto no segundo tive formação durante vários anos. Mesmo assim não desvalorizo o meu projecto musical “Marçal do Campos”. Um dos meus objectivos passa mesmo por tornar a coisa mais séria e até fundi-lo com o meu trabalho como artista plástico.

Para quando uma exposição em Coruche?
Acho que é difícil, até porque em Coruche não existem estruturas nem receptividade nenhuma à arte contemporânea, como é normal numa terra destas dimensões. Mas nunca se sabe, pode acontecer tanta coisa.

Até onde queres chegar?
Acho que o objectivo principal é sempre viver à grande e a fazer aquilo que se gosta; eu como já faço aquilo que gosto, só me falta viver à grande.